segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

K

Paletes

Por que escrevo?
Que pretensão é esta? 
A de lançar palavras, 
que tantas vezes se empilham, 
escorrendo menos do que
vocábulos, 
apenas letras;
a minha fúria 
da quase mudez, 
semiótica... 
(semióptica...) 

(foto do autor
obtida com telemóvel:
estação de metro 
do Saldanha-Lisboa) 

Etiquetas: , ,

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

K

Há muitas noites:
as de insónia e desespero,
os olhos esventrando o tecto;
as de glória e honra,
os olhos buscando a lua;
as de farto aconchego,
os olhos buscando os teus.
Pingam as estrelas,
em jeito vivaz e mordente,
jura o pó sobre si próprio,
uma vez que a ele retornará.
Escorro-me pela noite acima,
busco os corpos celestes,
as crostas do tempo,
as tampas dos caixotes
em que se alojam vetustos ET.

Afinal,
os meus olhos fundaram
o Universo.

 (Poema publicado pela primeira em Belas Artes Belas

Etiquetas: , , ,

terça-feira, 13 de novembro de 2018

K
Disfarçava a sua total falta de competências sociais usando calças largas e ténis de sola grossa. Parecia alta, ostentava sempre um ar sério, não gélido, talvez distante.

Não era bonita, nem sequer gira. É provável que desejasse marcar presença pela pose; conseguia apenas mimetizar-se, fundir-se na atmosfera, ser apenas a moça das calças largas, dos ténis gigantescos. 

Uma só vez: a vi agradecer, a vi seguir alguém com os olhos, a senti morrer de amor. 
#77palavras #prettyfright #forgetmenot #howmany?

Etiquetas: , , ,

domingo, 11 de novembro de 2018

K

terminus












Aqui tudo termina.
Um Apocalipse revelado,
por entre as nuvens
flutua a espada
e também o cinzel,
o burel.
Numa semi-tranquilidade
louca,
paira o silêncio
dos mísseis de
cruzeiro,
cruzeiros sem volta;
nos giros almofadados
há vidas que fixam
em espanto e
calado horror
as nuvens:
prenúncio altaneiro e
mudo de novos,
rasos, loucos,
fins.
The end
 (📸 : anoitecer em Marvila,
vista para o bairro de Alvalade)
#revelação #revelation #whatiscoming #futuro

Etiquetas: , , , , , , ,

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

K

montra

Numa montra
empoeirada,
passado aos restos
mostrava-se tal qual fora,
quando em tempos
se vendera em restos
de sonhos piscos.
Os vidros,
ainda mirando os anos 20,
as prateleiras,
o chão flutuante
como a vida, 
todos se perfilavam,
na modorra
de algo que desliza:
tempo vitrificado
escorrendo... 

Etiquetas: , , , ,

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

K

o passeio


O passeio era contínuo.
Já nem tinha a mesma vida,
o céu nem lhe parecia azul,
ou as flores pintalgadas 
os guaches que lhe haviam dado
havia tanto tempo.

Era um passeio contínuo,
já nem descalça podia andar,
eram as botas que lhe haviam calçado
a sua obrigação.
Uma quase tropa 
naquela que fora a sua casa.

Tanto tempo perdido,
tantas palavras por dizer.
E uma marcha contínua,
sempre...
mais do que um passeio veloz,
uma fuga!


(Em 77 palavras,
Desafio 147, o passeio).

Etiquetas: , , , ,

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

K

áureos...

É na ilusão do ouro
que as madrugadas
fluem pelas tuas veias;
caminhos que os barcos
esqueceram,
vórtices de algas,
sal das areias-rochas,
os corais vitoriosos
na espera.
Sim,
é em tons de ouro
que viras a página
de uma madrugada
que regressa
na suave brisa
das ondas
que se espraiam, 
leves, 
a teus pés.
(foto quase sem retoques,
Mortágua, algures no início 
do Outono) 


Etiquetas: , , ,

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

K

sempre que



Sempre que anoiteceres, 
fá-lo com claridade,
com cor,
honestamente;
tuas noites ser-te-ão pacíficas,
teus dias virão tranquilos
e a sinceridade
ornará teus pensamentos.
(fala de Aristarco, o cosmógrafo, a seu discípulo, Onésimo, viajante instável)

(foto do autor
obtida com telemóvel:
um anoitecer de Outono 
em S. Martinho do Porto) 

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

K

memória finalizante


.
É na memória 
que relembro o perdão,
o difícil de dizer:
“Eu perdoo-te”
e empurrar esse pacote,
bem embrulhado,
de laçarote,
para o fundo 
do esquecimento.
De lá brota,
 às vezes,
e é nessa acidez-relâmpago 
que relembro que o meu 
limite
se aproxima,
afasta
de um Perdão Infinito
gotejando 
a Sua essência,
na lentidão
do escorrer dos dias.

(foto do autor
obtida com telemóvel:
jardim nocturno em Marvila)



Etiquetas: , , ,

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

K

Cruz de Pedra

Era a hora das vésperas
e o monge curvou-se,
os olhos no chão,
os ouvidos longe,
mas tão distantes
que a Palavra,
supostamente de Deus,
nem aflorou ao seu coração
Rezavam-se as vésperas;
os olhos rolaram pelo
chão de tábuas,
a testa a elas paralela,
a voz do oficiante:
Veníte, exsultémus Dómino;
iubilémus Deo salutári nostro.
Præoccupémus fáciem eius in confessióne
et in psalmis iubilémus ei.

Onde estariam as suas mãos,
supostamente postas?
Onde estaria a sua alma,
o seu fervor,
onde estaria ele?
Ele: frei Pedro da Sagrada Família?
Para onde teria fugido?
Que caminhos teria ele tomado?
Frei Pedro não o sabia.
Apenas estava longe de tudo,
de uma fé que gotejava
cada vez menos,
de uma regra que era cada vez menos sua,
de um geral que lhe era cada vez 
mais distante,
de irmãos que eram familiares
tão longínquos.
Afinal, só a Cruz,
só o Senhor era o seu Amigo,
o seu verdadeiro Irmão.

Agora,
só Jesus,
apenas.
O único GPS
dos seus caminhos errantes:
Frei S. Paulo de Todo o Mundo.

(foto nocturna obtida pelo autor:
jardins marvilenses)




Etiquetas: , , ,

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

K

conversa de café

Image result for cascos de cavalos a galope
Esta é a vida de café,
sorriu Diógenes.
Aqui se destroem 
sistemas,
se constroem modelos,
se mata e gera a Humanidade.
São os rabos sentados
que trazem mais iluminação ao cérebro,
as ideias fixam-se como laca chinesa.
Aristarco respondeu:
é esta a vida de café,
o mundo passa 
e somos nós que o moldamos
fazendo bem
e bem fazendo.

Entretanto,
das colinas da Ática,
Alexandre e Aníbal
(tecidos no Tempo)
aproximavam-se,
o tropel dos cavalos
exalando cinza.

(fonte da imagem:
https://pt.dreamstime.com/fotografia-de-stock-royalty-free-cascos-de-galope-do-cavalo-image11249327)


Etiquetas: , , , ,

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

K

canto


Resultado de imagem para parede alentejana

                         Não há bosques,
não há relva
no meu pensar;
cristalizou-se-me o sonho,
pingou o tempo entre duas tílias
no regresso de uma barra azul
- fusão numa parede alentejana - .

Florestas ridentes,
os mastros entrecortados,
a proa furando paredes
e paredes 
de algas.

Então verei
que tudo já foi 
dito,
inventado, 
feito,
e nada sobrou para 
o meu canto 
tão gregoriano, tão vetusto,
tão medieval, tão clássico.

(fonte da imagem:
http://castelocernado.blogspot.com/2010/12/cal-na-tradicao-alentejana-e-comendense.html)

Etiquetas: , , , , , ,

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

K

mar-rio

É  aqui que o rio
encontra o mar e,
nem sequer a sereia  
sabe do bater dos seus corações.
Na passada corrente do mar,
entre frondosos sonhos, 
sorrio à luz
e a uma sereia
que não capitula
ante o esquecimento
de um saber ancião:
que dizem as águas 
entre si? 

(foto do autor,
obtida c om telemóvel:
 uma manhã em Milfontes) 

Etiquetas: , ,

domingo, 22 de julho de 2018

K

justeza


Um dia, 
a noite irá despojar-se,
lenta,
em luxúria plena,
em vasos comunicantes
de coisa alguma.

Um dia,
haverá tempo
para que a Lua
aqueça a noite,
a vigia será curta
e o anoitecer abençoará
os desfalcados da vida.

Uma noite,
o troar das luzes
trará os relâmpagos
que amanhecem o vento
que a tua aurora gera,
em giros de sol
e pós de estrelas.

("Acautela os teus caminhos, 
até os teus trilhos, mas não deixes
de olhar para os céus: as estrelas 
ainda irão suspirar pela tua alma."
Fala de Alfeu para o seu mestre)

(imagem: foto do autor,
obtida com telemóvel-Marvila
num fim de ano)

Etiquetas: , , ,

quarta-feira, 27 de junho de 2018

K

augúrio

À noite,
até a luz se espraia 
em gestos vítreos,
em gestos de oiro,
pelas plantas
incertas do seu verde,
duvidosas da flor
ostentada em riste
de humilde presságio.
 
(foto autor obtida com telemóvel)

Etiquetas: , , , ,

sexta-feira, 8 de junho de 2018

K

divunir























Hoje,
soube que separar
era unir futuros,
que viajar era caminhar para o ocaso 
com a mochila ao ombro,
só.
Soube que ao fim do dia
seria o meu livro que me esperava,
mais nada.
Soube que entre fogachos de meio-dia,
entre fluidos deslizantes de Outono,
pouco mais havia
e que o tom de auto-compaixão 
era interdito.
Soube, pois,
que os caminhos se desligam
na natureza política da traição.
Depois, em campanha,
no interesse, reganham o tacto
da reunião e a traição recua.
Agora,
digamos, pois, o acto de contrição.

(fonte do autor
obtida com telemóvel:
o chão da minha rua)

Etiquetas: , , ,

terça-feira, 22 de maio de 2018

K

Caminhos do vento

Aos cinquenta e quatro anos,
uma vida que me falta
nuns sobressaltos,
uns bolinhos para o chá,
mas que me resta mais
duma Angola à Contracosta que não 
calcorreei, de jeito impante e vencedor?
Que nova Teoria do Campo Unificado
me tornou célebre e palavroso?
Apenas deixei-me viver,
aqui e ali uns trejeitos
e nada mais.
Agora, o horizonte mostra-se
como é, e sinto que
agora, é sempre a descer,
quem me espera,
já não me esperará muito mais,
e afinal a vida terá sido isto,
apenas:
uns trejeitos, uns sobressaltos,
e só alguns da televisão nos quererão
convencer
das suas Angolas à Contracosta 
ou da sua Teoria do Campo Unificado,
EIS TUDO!



(fonte da imagem:
https://cinemacao.com/2017/04/19/critica-vida-life-2017/)

segunda-feira, 21 de maio de 2018

K
Caminhas,
devoto sedutor,
atrás do táxi
que se prende
pela antena
e pela tecnologia.
Ganham aço
os teus sapatos,
nas reviravoltas das ruas;
não há silêncio
que te embale,
nem jugo
que te seja leve.
Agora,
2018 é o ano
do mais do que supersónico,
do mais do que arranha-céus.

Related image


Todo!!

Etiquetas: , ,

terça-feira, 1 de maio de 2018

K

caminhando...

Imagem relacionada










Agora,
até pode ser 
o tempo dos frutos,
das árvores viçosas,
do regresso em jeito
de bênção do Senhor.

Assim, 

de túnicas, 
de sandálias,
caminhando 
compassadamente,
as mãos levantadas,
lentas,
um sorriso dirigido ao
Altíssimo.

E tudo isto, 

se mencionou
apenas porque
foram referidos
o tempo dos frutos,
das árvores viçosas,

Como faremos conexões

destas,
tão próximos de Deus,
tão próximos dos homens?

(fonte da imagem:
http://www.wehopeagain.com/?p=560)

sábado, 14 de abril de 2018

K

Crepúsculo

Anoitece.
É no teu colo
que as minhas mãos 
se entrelaçam,
rodeiam a cabeça,
como deve ser
restos de caos
restos de mim.

terça-feira, 10 de abril de 2018

K

sim, louco

Nunca percebera se era louco, no deixar na patologia quase esquecidas talvez, extramuros. Perdia-se entre paredes, escadas e, naturalmente no meio do jardim, ele que sempre fora um rapaz de cidade; 
há quanto tempo se banira e voltara, caminho de forças.
Não tenha medo da minha loucura: já me perdi dela, já a tentei afugentar, só  em extramuros...
Resultado de imagem para crazy


(Fonte da imagem:
https://m.facebook.com/crazyhorseparis/?__tn__=%2As-R

sexta-feira, 6 de abril de 2018

K

Torre

Resultado de imagem para torre chapinhar
Freixos,
caminhos
à beira água.
Uma torre ensimesmada,
um gavião,
peito aberto,
lançadas as asas,
rasias ao coração,
enquanto chapinham,

pela tarde fora,
num entardecer de espuma.

(https://i2.wp.com/cruzilhadas.pt/wp-content/uploads/2016/06/Lagoa-Comprida-1.jpg?resize=710%2C340


Etiquetas: , , , ,

sexta-feira, 16 de março de 2018

K

vida

E é no coração do vento,
nessas tuas mãos,
que o corpo se esvai,
numa rendição precoce,
desabotoando o meu sorriso;
é, pois, um jugo, uma quase
vitória,
um quase caminho
de retaguarda,
e é da varanda
que passo os olhos 
pela estrada,
num semi agreste 
sorriso,
alfa e ómega
duma vida
que se quer mulher.

(foto do autor 
obtida com telemóvel)

Etiquetas: , , , ,

quinta-feira, 8 de março de 2018

K

pintura

Resultado de imagem para almoço sobre a relva - edouard manet
Desfolho o teu livro,
as páginas derramam-se
na razão directa
de um tempo
brumoso,
entre raios de chuva.
Há no teu livro desfolhado,
no teu colo 
de terça à tarde,
um zumbido,
numa alva toalha,
que lembra
outros piqueniques,
com migalhas sobre a relva,
pedaços de pão
que o tempo esboroou.

(fonte da imagem:
http://pintura.blogs.sapo.pt/almoco-na-relva-edouard-manet-3268)

Etiquetas: , , ,

"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

eXTReMe Tracker
online